Páginas

2leep.com

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Esquina Maldita

Abaixo, alguns depoimentos recolhidos na internet, alguns identificados, sobre a esquina maldita de Porto Alegre, e suas transversais.
-Muitos bares e restaurantes tradicionais como O Fedor, freqüentado pela comunidade judaica que se reunia para trocar idéias, o Bar João e a Cia das Pizzas. O mais antigo era o Bar e Restaurante Minas Geraes. Nas décadas de 70 e 80, tivemos o auge da música que referenciava o Bom Fim, pelas composições de Nei Lisboa e Kleiton & Kledir. É lembrado até hoje por sua boemia e intelectualidade.
-"Faltavam cinco anos para que a ditadura desse seus últimos suspiros e cinco dias para o assassinato de John Lennon quando o bar Ocidente abriu, em 3 de dezembro de 1980. A localização do antigo sobrado ajudava: Avenida Osvaldo Aranha, Bom Fim - o bairro em que as idéias se agitavam e os intelectuais se encontravam para beber, beber, comer barato & discutir; já há muito tempo era tradição ir ao Fedor, na esquina da Felipe, e ao Alaska, na "Esquina Maldita" da Sarmento . Assim, foi natural que surgisse em meio a esse ambiente animado outro ponto na esquina com a João Telles. O lugar nasceu da reunião de um grupo de amigos que ansiava por um espaço em que a liberdade criativa pudesse ser exercida de fato, onde por meio de eventos marcantes, fosse criada uma cronologia das noites, normalmente embaçada pela mesmice e/ou os vapores etílicos. A inesperada criatividade dos frequentadores torna o espaço um organismo vivo, cuja liberalidade, aberta à toda forma de expressão, ajuda a gestar novos tipos de cultura. " (Do site oficial do bar Ocidente).
-O Bar João, um boteco tradicional na cidade. As 400 garrafas de cachaça espalhadas fazem parte da decoração. As 6 mesas estão lá há mais de 20 anos e, se não proporcionam um jogo perfeito do ponto de vista técnico, é muito divertido. Perfeito pra fazer uma bagunça com a turma. Além de ser um dos lugares mais baratos. Se a idéia for fazer uma "sinuca trash" em vez de jogar pra valer, vai no João. Público de todas as tribos, de punks a moradores do bairro, todos freqüentam o Bar João nos mais diferentes horários do dia. Algumas noites rolam shows de rock com bandas independentes
Pouco mais de uma quadra adiante, seguindo-se na direção Centro-bairro, a famosa esquina do Fedor”. O apelido foi dado em função de um bar, localizado na esquina da avenida Osvaldo Aranha com a rua Felipe Camarão, ponto de moradores do bairro, intelectuais, líderes comunitários, personalidades do meio cultural, boêmios, além dos médicos que saíam do plantão no Pronto Socorro de Porto Alegre a partir do Bom Fim. Foi o caso dos punks que, no final dos anos 80, mudaram seu local de encontro, deixando apenas na memória uma imagem que era típica do bairro. Em meados daquela década,os moradores do Bom Fim temiam passar de carro em frente à Lancheria do Parque, na OsvaldoAranha, em um sábado à noite: tamanha era a aglomeração de pessoas
vestidas  de preto, com os cabelos espetados. Eles deixaram a calçada da Lanchera, como é conhecida, e passaram a se reunir, em número muito menor, do outro lado,em frente ao Mercado Bom Fim. Hospital de Pronto Socorro
-"Agora, outra esquina famosa, essa já falecida, foi a esquina maldita. A esquina continua lá Osvaldo Aranha com Sarmento Leite, mas a denominação acabou, ninguém, mas a chama assim, ficou na história aqueles momentos de efervescência política e cultural.
Eram três depois quatro bares, comandado pelo Alaska e seu famoso garçom Isake, tinha o Copa 70, Estudantil e mais tarde o Marius que resistiu bravamente.
A freqüência era de intelectuais, estudantes a maioria da UFRGS que ainda mantinha seu campus na frente o que atraia esse público principalmente dos cursos das ciências humanas.
O mais famoso foi sem dúvida o Alaska, movimentos de esquerda ali freqüentavam tentando mudar o mundo, bebia-se cerveja, mas para fazer a cabeça, como dizia-se coquinho ou maracujá, maconha era a droga mais forte e rara, pratos, entre os mais famosos o Vietcong, logicamente em referência a guerra no Vietnã, esse tinha salsicha bock, era homenagem a resistência contra os EUA, tinha outros como o Burguês.
A repressão era forte, sistematicamente tinha as batidas, o DOPS vivia por ali, a brigada invadia o local com cachorros, documentos na mão, mas os barbudos e cabeludos, quase todos eram, resistiam, claro que o medo de “cair” reinava nas mesas, sabia-se das terríveis torturas que eram praticadas, mas mesmo assim não houve repressão para acabar com a esquina maldita, o peso maior desse final foi a transferência dos cursos da UFRGS para o novo campus.
Pessoas ligadas aos grupos como VPR, Vanguarda Popular Revolucionária, MR-8, VAR-Palmares circulavam por lá, mas uma corrente representava bem esse tempo era a LIBELU, Liberdade e Luta ligada a Convergência Socialista, ali era como se fosse a pátio de sua casa.
As discussões eram intermináveis, política, sempre pela esquerda, cultura, teatro, não foi de graça que por ali circulavam Valmor Chagas, Nelson Coelho de Castro, dali saiu o primeiro disco independente de Porto Alegre, Carlinhos Hartlieb, Nei Lisboa, ninguém representou mais o Bom Fim moderno que Nei, o hoje prefeito de Porto Alegre José Fogaça também perambulava por ali, cineastas gaúchos tiveram forte influência da esquina maldita.
Muitos estudantes dividiam apartamentos no Bom Fim, as chamadas repúblicas, devido a proximidade da UFRGS, ainda existiam cinemas que não fosse em shopping, na Osvaldo Aranha tinha o Bristol, tinha a sessão da meia-noite, com programação logicamente adequada para esse público contestador, tudo isso convergia para a esquina maldita.
A mudança de comportamentos, o liberação da mulher, sexo, movimento estudantil depois guerrilha urbana, música urbana porto alegrense, por ali não havia pré-conceito, não podia, era proibido proibir.
Foi uma esquina de sonho de utopia de projetos políticos, do povo no poder, da revolução de bar, de noites intermináveis, Porto Alegre nunca teve um lugar assim, ali foi o berço das expressões das minorias, até esse termo ali foi cunhado, era permitido homem se emocionar com uma letra de Chico Buarque, quantas poesias nasceram dos guardanapos do Alaska, e quantas morreram ao fechar de suas portas. A esquina maldita morreu, seu território foi anexado ao grande Bom Fim que Porto Alegre invadiu e tomou conta, mas nenhum historiador que falar dessa cidade poderá fazer sem citar a esquina maldita". Por Paulo Pruss.
Abaixo, uma música que reflete um pouco do espírito das tribos da Osvaldo Aranha.

Um comentário:

  1. Participe da campanha "Música em troca de Fraldas", que visa ajudar às crianças desabrigadas pelas chuvas no RJ:

    Música em troca de Fraldas



    AMANHÃ tem Show do #Riounido, que visa ajudar às crianças desabrigadas pelas chuvas no RJ:

    #RioUnido

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu urbanocomentário. Ele é o combustível do Urbanascidades.