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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vivendo a vida com Lee - Bandas

- Inconsciente Coletivo: banda que misturava folk e mpb num formato "Peter - Paul - Mary ", com João Antônio (atualmente dono do Abbey Road, uma das principais casas de shows musicais de Porto Alegre, na qual é sócio de Júlio Fürst), Alexandre (um dos proprietários do Sargent Peppers, outra casa noturna importante da cidade) e a (psicóloga) Ângela. Um som suave, com violas e vocais, bem legal, em que se destacavam as músicas "Voando Alto" e "Terras Estranhas", gravadas em um compacto lançado em 77 pela gravadora carioca Tapecar.
- Bizarro (posteriormente Byzarro): banda de rock progressivo, hard rock, jazz e o que mais pintasse. Criada nos anos 60 sob a alcunha de Prosexo, contou em sua formação com Carlinhos Tatsch (guitarra), Gélson Schneider (baterista, que posteriormente pertenceu às bandas Trovão, Swing e Câmbio Negro), Mário Monteiro (baixo) / Mitch Marini (baixista que também integrou as bandas mencionadas de Gélson). Fizeram vários shows em dobradinha com o Bixo da Seda. Destacam-se no repertório "Sombras" e "Betelgeus Star".
- Bobo da Corte: na época do Mr. Lee, a banda tinha na formação Zé Vicente Brizola (filho do próprio e fundador do Bixo da Seda), Gatinha (bateria, posteriormente atuou no Saracura em sua fase inicial), Chaminé (baixo, depois Saracura) e Otavinho (guitarra). Fughetti Luz chegou a participar de uma das formações desta banda, antes de entrar para o Bixo. Rock direto levemente hard, numa levada bem juvenil, sendo de destacar "Genial Colegial".
- Almôndegas: Banda seminal da música gaúcha dos anos 70, da qual participavam Kleiton e Kledir, e, ainda, Quico Castro Neves, Gilnei Silveira e Pery Souza. Depois, saíram os três últimos e entraram Zé Flávio, João Baptista e no finzinho (79) Fernando Pesão, este na bateria. Transitava pelo rock, bossa nova, milongas, temas regionais do Sul, Mpb e o que mais pintasse, com ótimas letras. Destaque para a Canção da Meia-Noite, que foi trilha da novela Saramandaia da Rede Globo, e Rock e sombra fresca no Quintal (ambas do genial guitarrista Zé Flávio).
- Hallai-Hallai: banda de country/folk rock, num estilo bem acústico, fazia um som muito legal, contava com Necão e Paulinho, entre outros membros que foram se revezando, sendo que em 1987, com Jorge Vargas no baixo, gravou um disco pela gravadora 3M, intitulando-se apenas como Hallai. Em destaque, as músicas "Cowboy" e "Quando viajar pro Norte" (esta de Fernando Ribeiro).
- Zé Flávio e o Mantra (posteriormente Mantra Jazz Rock circus): Banda capitaneada pelo guitarrista Zé Flávio, o qual, antes de monta-la, participou da banda-show Em palpos de Aranha, que também chegou a se apresentar em show do Mr. Lee (a Em palpos era Zé, Cláudio Levitan, Graça Magliani, Giba-Giba e Néri). O Mantra era formado ainda por Inácio (baixo), Fernando Pesão (bateria, também da banda instrumental Zacarias, que participou do Mr. Lee, posteriormente integrante dos Almôndegas, Saracura e atualmente nos Papas da Língua), e Jakka (percussão). Transitando entre o rock, o blues, a mpb, o tango, entre outras milongas, sempre com uma pitada "latina" a la Carlos Santana, fazia um som bem lisérgico e com muita energia. Destaque para "Dói em mim" e "A Margarida do Brejo". A banda terminou quando Zé foi convidado para integrar os Almôndegas em 77, mudando-se para o Rio de Janeiro.
- Élbia: cantora que fez parcerias com o jornalista, radialista e músico Jimi Joe, apresentou-se no último show do Mr. Lee, realizado no Teatro Leopoldina, em 76, tinha uma música maravilhosa, que não deixava nada a desejar em relação à Rita Lee da fase Tutty Frutti, chamada "Como meu quociente de pureza se manifestou diante da Sociedade".
- Gilberto Travi e o Cálculo IV: MPB com pitadas de Jazz e blues, com letras inteligentes e provocativas, nas quais eram utilizadas muitas das gírias dos anos 70, com um especial sotaque portoalegrense. Participou em todos os shows do Mr. Lee. Gilberto chegou a ser convidado por Liminha para gravar um compacto pela Warner, que havia se separado da Gravadora Continental, na época, e estava criando o seu cast, o que só não rolou em face da falta de garantias financeiras mais sólidas, além da exigência de que abandonasse a banda que sempre o acompanhou. Posteriormente, junto com o próprio Júlio Fürst, com Beto Roncaferro, e com João Antônio, formou os Discocuecas, banda impagável de "gozação" e "tiração de sarro", na qual restou muito bem canalizada a face humorística que Gilberto também explora como compositor e performer. Em sua faceta "séria" destaca-se, no repertório de "Gilberto Travi e o Cálculo IV", "Poluição" e "Pretensão".
- Hermes Aquino: sensacional cantor e compositor, traçava o que viesse, do blues/rock à guarânia. Em sua fase tropicalista, nos anos 60, foi pra Sampa e orbitou em torno dos poetas concretistas, junto com sua prima Laís Marques e com Carlinhos Hartlieb, fechando parcerias com Tom Zé e o grupo o Bando. Depois voltou para o Sul e foi um dos principais nomes dos shows do Mr. Lee. Em face desta visibilidade, gravou pela Tapecar as músicas Nuvem Passageira e Matchu Pitchu, sendo que a primeira foi trilha da novela Casarão, primeiro lugar nas paradas de sucesso nacionais. Desentendendo-se posteriormente com a gravadora Capitol, que lançou seu segundo LP, recolhendo-se infelizmente em ostracismo em sua casa em Porto Alegre, o que vigora até hoje, para a tristeza de seus fãs.
- Utopia: Trio acústico à base de dois violões de aço (um deles de doze cordas) e violino, liderado por Bebeto Alves, contando também com os irmãos Ricardo e Ronald Frota. Difícil de classificar o seu som, feito de "viagens sonoras" típicas dos anos 70, com muito improviso e músicas intermináveis, me arriscaria a dizer que seu estilo era mais ou menos "psicodélico-acústico-progressivo", com pitadas de jazz cigano (em entrevista que me concedeu, o Bebeto associou o som da banda ao Crimson de Robert Fripp). Desmanchou-se em 76 e lá por 78 teve nova formação, bem maior, e com uma proposta ligeiramente diferente da original, com Bebeto, Ricardo, Cao Trein, Zé Henrique Campani (que também foi dos grupos Emergência e Metamorfose, que participaram de shows do Mr. Lee) e até de Nico Nicolaiéwsky (passagem rápida), dentre outros. Lá por 79 Bebeto começou sua carreira solo.
- Fernando Ribeiro: Fernando Ribeiro foi com certeza um dos melhores cantores e compositores de toda a história da música gaúcha. Atuando numa praia bem MPB, fazia sambas, baladas, blues, sempre com muita força de interpretação e letras tocante, elaboradas pelo excelente letrista Arnaldo Sisson, empilhou diversos prêmios no Musipuc, o principal festival de música universitária do Estado nos anos 70. Lançou o célebre LP em Mar Aberto, com luxuosa produção da EMI Music, e, posteriormente, seu segundo LP, O coro dos Perdidos, pela ISAEC. Deixou canções imortais, tais como "Em Mar Aberto", "Ultimamente", "Estado de Espírito", entre várias outras.
- Grupo Ensaio: Grupo formado no Colégio Israelita, contava com Mauro e Beto Rotenberg (irmãos da cantora Marisa Rotenberg), Ricardo Faertes, José Irineu Golbspan e Breno Starosta. Faziam um som puxando pra MPB, com letras e melodias bem elaboradas, além do Mr. Lee, fizeram show em conjunto com Fernando Ribeiro. Destacam-se "Te julguei mal" e "A coisa".
- Mauro Kwitko: grande compositor gaúcho, que no início dos anos 80, teve diversas canções suas gravadas por Nei Matogrosso, com muito sucesso, lançando também compactos por majors. Atualmente atua como médico de terapia reencarnacionista. Destacam-se "Mal Necessário" e "Cavaleiros da Nova Era".
Nelson Coelho de Castro: um dos maiores nomes da MPB do RS, surgiu no Musipuc de 76, interpretando composições suas de muita originalidade, numa linguagem muito própria. Já lançou diversos discos e até hoje vem obtendo grande sucesso. Responsável, entre outras coisas, pelo lançamento do primeiro LP independente do RS, nos anos 80, o ótimo "Juntos". Sua homepage é fácil de encontrar no google.
- Cláudio Vera Cruz: Um dos maiores guitarristas/ compositor do rock e da MPB gaúchos, uma verdadeira lenda. Nos anos 60 integrou os grupos Os Satânicos, Som Quatro, GR Show (ao lado de Hermes Aquino), Succo (ao lado de Mutuca, João Manoel Blattner (IMPACTO), Chaminé, entre outros), nos 70, o Liverpool, Saudade Instantânea, Bixo da Seda, e em 78 participou do célebre LP "Paralelo 30", produzido por Juarez Fonseca na gravadora ISAEC. Nos 80, com o mesmo Hermes, integrou o Eureka. Não participou dos shows do Mr. Lee, mas estourou na Continental a canção "Aonde vai você" (que se pode escutar no CD lançado pelo IMPACTO em 96, numa bela gravação).
- A Barra do Porto: Banda integrada pelo grande Mutuca (Alphagroup, Succo, Amelita, etc.), outra lenda viva do rock gaúcho (que apresenta aos sábados à tarde o seu programa na IPANEMA FM), e contava, entre outros membros, com Bebeco Garcia e Edinho Galhardi (futuros Garotos da Rua), dois ilustres músicos dos vários revelados na cidade de Rio Grande e que atuam na cena gaúcha e brasileira. Mutuca musicou vários poemas do grande poeta gaúcho Nei Duclós (um deles inclusive gravado por Nei Lisboa em "Carecas da Jamaica", além da parceria na antológica "Faxineira", gravada no disco "Hein" e no único CD lançado por Muts Weirauch), e sempre se apresenta com muita garra e presença.
- Status 4 (atualmente só Status): grande grupo vocal negro, com Edson, Dani, entre outros membros, que neste mês lançou seu CD, venceu o Musipuc de 75 com "violeiro cantador", dedicando-se, depois do Mr. Lee, de vários festivais, enveredando para os festivais nativistas, nos quais seu talento vem obtendo reconhecimento desde então.
- Flor de Cactus: banda formada em São Leopoldo, puxando pro hard rock, apresentou-se no Mr. Lee em mais de um show. Dentre os seus membros, destacou-se o guitarrista Wolf.
- Musical Saracura: o grupo reuniu grandes músicos da cidade, a partir de 1977, mais ou menos, contando com o ex-Academia de Danças Sílvio Marques, Nico Nicolaiéwski (Tangos e Tragédias), Fernando Pesão (atualmente no Papas da Língua, ex-Zacarias, Mantra, Almôndegas), Chaminé (baixista do Succo, do Bobo da Côrte e de Hermes Aquino, dentre outros). Foi um dos grandes sucessos da MPB gaúcha, fundindo rock, nativismo e outras milongas mais, dissolvendo-se lá por 1984. O grupo interpretou, além de músicas dos próprios membros, músicas do grande Cláudio Levitan (do repertório do Em palpos de Aranha, entre outros grupos que participou) e do grande ganhador da Califórnia de Uruguaiana e outros festivais gaudérios Mário Barbará, e até de Erasmo Carlos (Gatinha Manhosa). Gravou um disco antológico para a gravadora Continental.
Texto escrito por Rogério Ratner, cantor e compositor de pop rock de Porto Alegre, com dois CDs lançados. Atualmente está escrevendo um livro sobre o Rock Gaúcho dos anos 70. O texto acima resume em linhas gerais o livro. Fale com o autor: ratner@ig.com.br.

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