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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contemporaneidade em Porto Alegre

O Plano de 1979 não foi inteiramente bem-sucedido em sua aplicação. Estabelecendo novos índices construtivos, as mudanças deram origem a uma série de atritos entre moradores das zonas residenciais e deles com o poder público e com agentes imobiliários, pela autorização de espigões em áreas de predominância térrea, rompendo o tecido residencial de alguns bairros tradicionais por edifícios de até 20 pavimentos. A polêmica levou a uma nova reformulação da legislação nos anos 80. Foi então que se entendeu definitivamente que seria necessária uma aliança mutuamente compreensiva não só entre arquitetura e urbanismo para um crescimento geral harmonioso, sendo preciso atrair outras áreas do saber para a discussão e imaginar soluções mais dinâmicas, realistas e adaptáveis ao perfil cada vez mais fluente da sociedade, desenvolvendo-se planos estratégicos fundamentados nos eixos de estruturação e mobilidade urbana, nas formas de uso do solo privado, na qualificação ambiental, na promoção econômica e em uma série de critérios mais atualizados de planejamento, e levando em conta aspectos de memória coletiva, identidade cultural e convívio humano. O êxito das propostas nesse sentido, que se sucederam à medida que os anos passavam, incluindo novas revisões do Plano Diretor, tem-se revelado muito controverso, com avanços e recuos. Ainda existem zonas de ocupação polêmica, a especulação imobiliária continua a pressionar o poder público e influenciar decisões, e permanecem sérios problemas de habitação popular a serem resolvidos.
Paralelamente, com a criação em 1981 da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural, pouco depois vinculada à Coordenação da Memória Cultural da Secretaria Municipal da Cultura, iniciou-se um processo de estudo e resgate dos bens culturais de propriedade do Município de especial interesse histórico, social e arquitetônico, sistematizando os tombamentos municipais, que haviam iniciado poucos anos antes, em 1979. Essa atuação foi fortalecida pela instalação do escritório regional do IPHAN, cuidando dos interesses nacionais na área de patrimônio histórico em todo o estado, e da Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, antecessora do IPHAE, ambas em 1979, instituições que vêm realizando na cidade vários tombamentos e ações de preservação em nível federal e estadual. Também se reconheceu a existência do "centro histórico", propondo-se medidas de conservação e desenvolvimento sustentável, o mesmo ocorrendo com outras áreas já estabilizadas como os bairros da "cidade-jardim" e zonas de especial interesse cultural. Nasceu então uma nova consciência para com os prédios antigos e as áreas verdes, e com isso se salvaram muitas edificações seculares que estavam na lista de demolições. O caso da Capela do Bonfim é exemplar nesse sentido. Depois de muitos anos de abandono e degradação, incendiou no que se suspeitou ser um fogo criminoso. Nele perderam-se elementos importantes como o altar-mor entalhado, e sob o pretexto de estar muito arruinada quase foi demolida, mas a sociedade reagiu, e toda a polêmica subsequente contribuiu para um marcar na consciência de todos, cidadãos e poder público, o valor da memória, da arte, da história e de seus testemunhos materiais. A Capela acabou sendo tombada e restaurada em 1983. Entretanto, a atuação das instâncias oficiais de preservação do patrimônio histórico ainda é frequentemente tolhida por interesses particulares contrários, pela morosidade dos processos de tombamento e por uma crônica insuficiência de verbas. Assim, ainda que os trabalhos nesse sentido tenham avançado bastante, com a intensificação das ações municipais e o recente arrolamento de mais de 130 imóveis do centro histórico pelo Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, é preocupante que os poderes públicos tenham tardado tanto para proteger prédios da importância da Igreja da Conceição e do complexo Catedral-Cúria (tombados em 2007 e 2009 respectivamente), que imóveis já protegidos ainda sejam demolidos à revelia da lei e que um bom número de outros edifícios históricos ainda não receba qualquer cuidado oficial.
Em termos estéticos nesses últimos decênios se verificou o declínio da escola modernista e sua substituição pelos valores do Pós-Modernismo, fazendo a releitura de estilos históricos pré-modernistas e criando um novo senso de ecletismo, liberdade e democracia formal. Os exemplos mais paradigmáticos dessa tendência são os controversos shopping centers que nos últimos anos têm pontuado a paisagem, muitos deles com soluções formais ousadas, decoração extravagante e um espírito high-tech, mas cujo gosto e pertinência para a paisagem às vezes são postos sob suspeita. Alguns críticos se recusam a reconhecer uma arquitetura realmente viva no presente em Porto Alegre, não encontram mais obras que possam se erguer em referências culturais e marcos urbanos, e denunciam uma crise de identidade na produção local. Mas para outros o alto nível do debate sobre arquitetura, que atrai personalidades internacionais, o sucesso de projetos de revitalização de áreas e estruturas antigas, como a criação do Shopping DC Navegantes e o Centro Comercial Nova Olaria por arquitetos locais, e a atuação na cidade de projetistas estrangeiros de renome, como Álvaro Siza, responsável pelo prédio da Fundação Iberê Camargo, considerado uma obra-prima, bastam para indicar que a arquitetura de Porto Alegre mantém um apreciável dinamismo e está integrada ao que se passa no restante do mundo. Esta fase mais recente da evolução da arquitetura portoalegrense está, contudo, ainda carente de estudo e documentação mais aprofundados, sendo escassas as publicações qualificadas. (fonte wikipédia, fotos internet).
Sede da empresa telefônica Vivo

Fundação Iberê Camargo


Centro Empresarial Mostardeiro


Bourbon Shopping Country


Edifício Mercure

Shopping Praia de Belas


Bolsão de favela na entrada da cidade.


Conjunto habitacional popular da Vila dos Papeleiros, onde há poucos anos havia uma favela.

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