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sábado, 29 de janeiro de 2011

A Fábrica do Som

Caros Urbanautas. Voces conhecem uma Fábrica de Som? Difícil imaginar, não? Um local onde seriam produzidos os discos de vinil e CD? Ou um estúdio onde seriam gravadas as músicas?
Nada disso! Na década de 80, em um galpão de tijolos aparentes no bairro da Pompéia, em São Paulo, que anteriormente produzia materiais de consumo como tambores e geladeiras e que, com a intervenção da arquiteta italiana Lina Bo Bardi foi transformada em um teatro de arena e passou a produzir cultura. Adicione à receita um apresentador antenado (Tadeu Jungle) e um movimento cultural em um Brasil que vivia um processo de abertura política “lenta e gradual”, que culminaria no fim da ditadura, em 1985 pós-ditadura militar, e que incluía na mesma panela os punks iniciantes “Ratos do Porão” e “Inocentes”, os desconhecidos “Titãs, Ira, Paralamas do Sucesso e Ultraje a Rigor”, a Vanguarda Paulista de Arrigo Barnabé, grupo Rumo e Itamar Assunção, a poesia concreta dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, performances da mímica Denise Stoklos, o dançarino Ivaldo Bertazzo e o jovem poeta Arnaldo Antunes Filho, o poeta Paulo Leminski falando sobre a geração beat; o poeta Wally Salomão recitando poemas; Luís Fernando Guimarães cantando (!!!) no grupo Asdrubal Trouxe o Trombone; e a presença de José Roberto Aguillar com sua Banda Performática, o grupo Premeditando o Breque e o Língua de Trapo, isso sem mencionar as várias conversas malucas que Tadeu Jungle tinha com a platéia de quase duas mil pessoas, algumas das quais vindas de outros estados.
O início da “Fábrica do Som” no Sesc Pompéia foi em 12 de março de 1982, sendo exibido pela Tv Cultura até 1984, sendo retransmitido em Porto Alegre pela TVE.
A comunhão foi perfeita, o Sesc Pompéia tinha nascido para ser algo realmente novo e o pessoal que idealizou o “Fábrica do Som” só tinha olhos para a novidade O objetivo era promover e incentivar a pesquisa musical divulgando obras inéditas e originais, uma verdadeira mostra permanente da nova (para aquele momento) música popular brasileira, sem qualquer característica de concurso. Foi um grande catalisador, e mostrava o trabalho independente de jovens artistas que produziam uma música diferente e tinham a preocupação de não se submeter à gravadoras. Uma vez por semana os iniciantes contracenavam com gente consagrada. "O Fábrica do Som e o Sesc Pompéia surgiram num momento de grande efervescência em todo o país".
Abaixo, vídeos de alguns artistas que trabalharam na fábrica.Iniciamos com o BARÃO VERMELHO.   
 
RAUL SEIXAS
 
PARALAMAS DO SUCESSO

PREMEDITANDO O BREQUE 
 
ULTRAJE A RIGOR

TITÃS

2 comentários:

  1. Demais a história da fábrica do som!!! Olha, há um bom tempo a tv cultura quando fez 30 anos resgatou alguns momentos da fábrica do som e claro, gravei numa vhs que tenho até hoje. lEMBRO Que tem uma apresentação do Barão com Cazuza no fábrica tocando "Menina Mimada". Possuo gravador de DVD e aos poucos tô digitalizando um acervo muito legal que tenho de música e cultura que tá em vhs, do raul tenho bastante coisa. Até o Jimi Joe ficou impressionado que eu tenho um show bem antigo dele com o jUlio Reny e Expresso Oriente. Nunca vou me esquecer ele me dizendo: "gustavo, quanto tu quer pra destruir isso" hahahaahah. Mas depois ele se emocionou vendo. Momentos mágicos e existe a tal sincronicidade. Abração
    AH, tenho essa caixa do Raul. É demaisss!!! VALEU!!!

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  2. Da hora Guto, vou passar meu e-mail pra vc, eu sou historiador e estudo o programa fábrica do som, e preciso de documentos audiovisuais sobre o programa, se tiver como eu ver esse material seria muito útil pra mim, valeu por resgatar essa parte da história brasileira.
    rafael_paiva_alves@hotmail.com

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