A World Press Photo transforma o talento individual em recompensa coletiva, pois dá voz a uns pelos olhares dos outros – fotógrafos que buscam os melhores ângulos de todas as cenas, sejam elas trágicas ou românticas, sejam elas as duas coisas juntas (como um ligeiro ato de Shakespeare), tenham elas arranha-céus, sorrisos e sangue a salpicar a paisagem. São fotografias que transformam a arte em informação. E vice-versa.
Por vezes a cena parece irreal, com elementos que jamais poderiam estar dispostos em um mesmo espaço. São violinos e armas, crianças e bombas, drogas e flores, na mesma hora, na mesma rua, na mesma história. As lágrimas queimam o rosto ferido, o peito cheio de desesperança dos heróis entre os déspotas, dos vivos entre os mortos. Há casas destruídas, corações partidos, natureza impiedosa, homens transgredidos.
Mas por vezes a cena é mais amena, piedosa, com sorrisos largos em um contraste quase poético entre o cinza e as cores que contornam as expressões. De repente se vê um flash iluminando o momento que se torna eterno em capas de revistas, jornais e sites de notícias.
Uma simples fotografia pode mudar o rumo das coisas ou fazer o mundo mudar de idéia. Uma simples fotografia pode ser a mais pura e completa informação, pode falar por todo um povo, por um ideal. Chama à luta, chama à vida, chora a morte, conta a dor. Porque revela todas as realidades e, também, particularidades. Revela as belezas e as mais terríveis fealdades.
Finbarr O'Reilly, vencedor do ano 2005 (01-08-2005, Niger,Tahoua)
Spencer Platt , vencedor do ano 2006 (15-08-2006, Lebanon, Beirut)
E é por meio da fotografia que a World Press Photo faz o mundo inteiro reagir. Por aqui passam o caos, ou a lógica, através de um prestigiado evento de fotojornalismo, no qual participam fotógrafos de todos os cantos do planeta.
A iniciativa premeia as melhores fotografias do ano, em várias categorias, e seus autores vêem seus cliques rodar o mundo em uma exposição itinerante, visitada por milhões de pessoas em mais de 40 países. As fotografias contempladas são, também, reunidas em um livro anual, publicado em seis idiomas.
Tim Hetherington, vencedor do ano 2007 (16-09-2007, Afghanistan, Korengal Valley)
Anthony Suau, vencedor do ano 2008 (26-03-2008, USA, Cleveland, Ohio)
A organização, independente e sem fins lucrativos, foi fundada em 1955 em Amsterdã, Holanda, e realiza atividades como programas educacionais – dando grande visibilidade à fotografia profissional de imprensa – seminários, oficinas e outros projetos de intercâmbio em todo o mundo.
A World Press Photo tem uma dupla missão: além de incentivar o fotojornalismo, promove a liberdade de informação entre as mais variadas culturas. De repente, é o mundo que se comunica, que troca, que vê e que sente. De repente, é o mundo todo em flashes.
Pietro Masturzo, vencedor do ano 2009 (24-06-2009, Iran, Tehran)
Jodi Bieber, vencedor do ano 2010 (South Africa, Institute for Artist Management/Goodman Gallery for Time magazine)
Sobre a autora: rejane borges gosta das cores de folhas secas ao chão. E das cores das folhas velhas dos livros.
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