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domingo, 22 de maio de 2011

O surrealismo pop de Alex Gross


surrealismo pop Alex Gross
A arte de Alex Gross pode ser classificada como aquilo a que normalmente chamamos “uma verdadeira salada russa”. Com um toque de elementos tradicionais e uma pitada de inspiração contemporânea, as suas pinturas são recheadas de imagens coloridas onde ícones míticos e religiosos, publicidade vintage, arte retro japonesa e referências pop de grandes marcas do consumismo actual se misturam, criando um mundo fantasioso mas, ao mesmo tempo, realista.
A série de trabalhos “Discrepâncias” de Alex Gross é apaixonante: um verdadeiro “banho de cor visual” à primeira vista. Encanta os olhos e desperta a mente. E logo nos primeiros segundos reparamos também nas muitas contradições das suas pinturas.
Mas afinal o que é que telemóveis de última geração fazem na mão de personagens com várias décadas? E porque é que dos seus olhos saltam cobras? E porque se faz publicidade de várias marcas, todas ao mesmo tempo?
Nascido em 1968 em Nova Iorque, Gross estudou no Art Center Collage of Design, na Califórnia, onde vive e trabalha actualmente. Em 2000, com a oferta de uma bolsa da Fundação Japão, passou dois meses a viajar pelo país. Daí vem a influência da cultura japonesa nas suas obras. Durante esse tempo, foi recolhendo e coleccionando várias imagens de arte e cartazes publicitários de estilo oriental. Essa colecção, “Belezas Japonesas” foi publicada em 2004 pela conhecida editora Taschen.
surrealismo pop Alex Gross
O artista é hoje conhecido como um dos nomes mais importantes do “surrealismo pop”. Feitas a óleo, as suas pinturas criam um ambiente que oscila entre o bizarro e o onírico. A mistura de elementos tradicionais com elementos modernos, que aparentemente nada têm em comum, é a sua principal característica. Alex parece escolher exactamente cada pormenor para cada imagem. Como se de uma colagem se tratasse, ele encaixa e mistura as duas realidades. E essa combinação resulta afinal num mundo encantado de fantasia ou numa visão contemporânea da sociedade?
As várias justaposições de marcas e produtos do consumismo actual estão presentes em muitas obras. A verdade é que nos cruzamos diariamente com “estas personagens”. Dos pés à cabeça, fazemos uma viagem pelas etiquetas e símbolos bem visíveis de sapatos e malas caros, camisolas e vestidos, sem falar de telefones topo de gama.
surrealismo pop Alex Gross
Discrepâncias” fala da comunicação, ou melhor, da falta dela, numa encenação da vida quotidiana de cada um, refere Alex Gross. Onde também, como num qualquer reality-show, todos estão de olhos postos em nós, prontos a espreitar pelo buraco da fechadura. O avanço da tecnologia e das “respectivas caixinhas mágicas” ao longo dos tempos foram os grandes responsáveis. E o tempo é precisamente outro dos temas implícitos.
Numa das suas peças favoritas, o cenário é o seguinte: duas raparigas, numa estrada, numa mota. Ambas parecem iguais, mas as suas caras são diferentes. Pois, é que afinal elas são ela, ou seja, são a mesma pessoa. Na juventude e já na velhice. A estrada não representa mais do que o caminho que todos percorremos e ao qual estamos destinados, vamos envelhecendo. E o aniversário, se calhar com muitos balões enquanto crianças, se torna a melhor ou pior lembrança dessa mesma passagem.
Tudo regado com pormenores retro e vintage, com um molho especial de subversão e ironia, tornam esta série bela e inquietante ao mesmo tempo.
Os trabalhos de Gross podem ser vistos em diversas galerias e museus pelo Mundo. Alguns deles foram também usados em publicações de revistas e capas de álbuns e livros. Em 2007, o “Grand California State Fullerton Central Art Center” realizou uma exposição retrospectiva de toda a sua carreira.
surrealismo pop Alex Gross

surrealismo pop Alex Gross

surrealismo pop Alex Gross

surrealismo pop Alex Gross

surrealismo pop Alex Gross
Mais trabalhos no site de alexgross.com
dianaribeiroSobre a autora: diana ribeiro gosta de cores, comer algodão doce, ouvir as ondas do mar, cheirar e tocar em livros novos. Não dispensa o uso de nenhum dos sentidos.

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