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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cais Maua


Transformação reconcilia cidade com a orla do Guaíba
Como boa parte das cidades brasileiras, Porto Alegre tem uma relação desleal com sua hidrografia: a capital gaúcha deu as costas para o rio Guaíba, que percorre parte de seu traçado urbano.







Sua intenção é que ao menos parte das obras previstas esteja implantada até 2014, quando Porto Alegre estará sediando jogos da Copa do Mundo.
“Tivemos o cuidado de que o projeto não tivesse só viabilidade financeira. A ideia é recuperar os armazéns e criar um marco para a cidade, fazendo dele uma injeção de vida em Porto Alegre”, observou Lerner.
A recuperação da área, argumentam o arquiteto e seus colegas de projeto, é parte de um processo maior de qualificação do centro, que envolve mobilidade, turismo, revitalização de espaços públicos e do patrimônio histórico.
O consórcio é responsável pela construção, manutenção, conservação, melhoria, gestão, exploração e operação do empreendimento, que se complementa com a implantação de edifícios empresariais, culturais, de lazer, entretenimento e turismo.
A intervenção está dividida em três setores: Gasômetro (37 mil metros quadrados), Armazéns (86 mil metros quadrados) e Docas (64 mil metros quadrados).
1. Centro comercial
Setor Armazéns
2. Beira-rio / 3. Deques / 4. Via interna / 5. Armazéns / 6. Pórtico principal / 7. SPH / 8. Terminal hidroviário / 9. Praça de sombra
Setor Docas
10. Hotel e centro de negócios / 11. Centro de negócios / 12. Frigorífico / 13. Beira-rio / 14. Via de acesso
15. Principal acesso de veículos
O primeiro corresponde ao trecho final da avenida Mauá, em frente da praça Brigadeiro Sampaio e ao lado da usina do Gasômetro. O setor Armazéns, que tem cerca de 1,4 mil metros de frente para o Guaíba, equivale ao território paralelo à avenida Mauá e vai do mercado público até a praça Brigadeiro Sampaio.
Trata-se, segundo o diagnóstico do plano, da parte mais limitante dos trabalhos, uma vez que vários imóveis no trecho são protegidos pelo patrimônio histórico.
Também paralelo à avenida Mauá, o setor Docas tem cerca de 400 metros de frente para a água e abrange o trecho entre a rodoviária e o mercado público - nesse segmento estão as docas de atracação do antigo porto, galpões utilizados como depósitos, um antigo frigorífico e a praça Edgard Schneider.
No setor Gasômetro, o projeto deu ênfase às atividades comerciais, que estarão abrigadas em uma edificação baixa e integrada ao entorno. Ela abrirá o circuito e estará ligada ao Centro Cultural Usina do Gasômetro e à sequência da orla, fortalecendo a frente fluvial da cidade.
As construções, informam os autores, não vão obstruir a relação entre Porto Alegre e o Guaíba. A conexão do setor com a praça se fará através do rebaixamento da avenida João Goulart, permitindo uma nova ligação entre o cais e a cidade.
É no setor Armazéns que se situam os espaços destinados a cultura, lazer, gastronomia, educação e artesanato. A proposta para essa área procurou minimizar as interferências visuais, que buscarão apenas complementar e valorizar os elementos existentes em função de seus novos usos.
O plano considera esse setor estratégico para a intervenção, uma vez que permite uma série de costuras entre o cais e o tecido urbano circundante, além de consolidar um nó intermodal de transporte coletivo, próximo da praça Revolução Farroupilha.
O maior impacto no setor Docas virá da implantação de três torres, que deverão reanimar uma área hoje considerada pouco dinâmica. A vocação do setor, antevê o plano, é acolher as âncoras empresariais e hoteleiras do complexo.
Por conter fluxos viários metropolitanos e urbanos, o setor receberá um dos principais bolsões de estacionamento. Situado na terceira doca, o antigo frigorífico se tornará espaço cultural e de convívio.
Setor Gasômetro
Reconciliar Porto Alegre e a região do cais contígua ao centro é o cerne da proposta, que a então governadora Yeda Crusius considerou, na assinatura do contrato, um presente de Natal para a população: o setor portuário se reintegrará à vitalidade e à riqueza da área central do município e a devolução da beira-rio ao usufruto da cidade conterá o declínio do local, avaliam os participantes do consórcio.
Na avaliação de Lerner, trata-se de um momento único na história de Porto Alegre: “A intervenção representa a chance não apenas de revitalizar o cais, mas a oportunidade de alavancar um novo momento para a cidade”, previu.
O plano urbanístico do complexo é do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, de Curitiba, e o esboço arquitetônico das edificações, do estúdio espanhol b720 Fermín Vázquez Arquitectos, mas em vários momentos os dois trabalharam em colaboração.
Em dezembro, o grupo assinou com o governo do estado um contrato de arrendamento da área por 25 anos e será responsável por implementar os projetos que fazem parte do Complexo Cais Mauá.
Ao longo dos anos, tentativas de recuperação desse território foram ensaiadas. A mais recente delas partiu do Consórcio Porto Cais Mauá do Brasil.

Um muro construído na área central na década de 1940, para conter as cheias, é um símbolo desse divórcio, acentuado quando, a partir dos anos 1970, a estrutura portuária que a servia perdeu importância e o cais Mauá entrou em progressivo declínio.
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 372 Fevereiro de 2011

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