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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O TEMPO NÃO PARA

O TEMPO NÃO PARA
Em tempos “informáticos”, passada a primeira década do século vinte e um, o calendário digital avança inexoravelmente rumo ao futuro. Brinquedinhos tecnológicos substituem a convivência humana, as redes sociais dão o norte das relações, a impessoalidade virtual determina comportamentos. Todos temos pressa, ligeireza nos relacionamentos descartáveis, aceleramos no consumo das novidades, ultrapassamos a velocidade da luz na busca da felicidade mediática, cinco segundos de fama nos acessos virtuais. Quanto mais expectativa e prolongamento desta vida nos propiciam, maior nosso esforço em encurtá-la, física e emocionalmente. Cigarros, bebidas, drogas, automóveis transformados em carrascos seivam vidas a todo instante, promiscuidade e devassidão, sedentarismo e violência, vidas sem valor trocadas por pedras de crack, líderes que tornaram-se modelos e paradigmas do que não fazer, mentem, roubam, locupletam-se, juventude sem rebeldia ou idealismo, qual futuro em suas mãos, educação que analfabetiza, cotas nivelando para baixo, futuros profissionais despreparados, mestres especialistas em greves, reivindicações e  licenças, facas e revolveres substituem livros e canetas nas mochilas dos alunos, a saúde fenecendo nos corredores fétidos de nossos hospitais e centros de saúde, médicos e atendentes transformados em sobreviventes na desordem do assistencialismo público, aposentados prostituem a melhor idade em financiamentos, trabalhos indignos e desgastantes, irmãos de rua chafurdam a sobrevivência nos restos da civilização, dessemelhantes minorias raciais, políticas, étnicas e religiosas disputam o poder, as economias e nações esfacelam-se vitimas da volatilidade do capital sujo sem face ou nome, credores do caos da  humanidade.
A profecia já realizou-se. Aos que pressagiam o fim do mundo, recomendo que girem em volta de si mesmos e observem o entorno. O MUNDO ACABOU!
Na contramão da Highway de final de festa, uma parcela da humanidade esta construindo uma nova sociedade sobre os escombros retorcidos a ainda fumegantes do período que se extingue. Antigos valores e conceitos são recuperados, a consciência ambiental deixou de ser moda para tornar-se vital como o ainda poluído ar que respiramos, a tecnologia do bem melhora e potencializa as condições de vida, conceitos que colocam o humano acima da técnica, qualidades como honestidade, gentileza, justiça, retidão começam a florescer sob o concreto da indiferença, toda a instrumentalização das redes sociais sendo utilizada para disseminar uma nova ordem opondo-se ao “status quo”. 
Sentado em meu escritório, envolto no redemoinho das obrigações diárias de trabalho e sobrevivência, conquisto um tempo para, através da janela, observar o esforço hercúleo de um sabiá para construir o lar de seus futuros filhotes em uma árvore em meu jardim, com folhas secas de bambus e gravetos. Concluída a obra, o vigilante futuro papai cerca de cuidados sua companheira. Após o nascimento, além do provimento material da prole, toda a cultura e conhecimento adquirido pela espécie desde o inicio dos tempos será transmitida aos herdeiros, e por estes aos seus.
Para nós, pobres mortais que procuramos na pirotecnia das filosofias, nos gurus de ocasião ou em máquinas que deveriam nos servir e não escravizar, o “sentido da vida”, esquecemos de aprender com os ensinamentos que a pródiga natureza nos oferece em singelas e sábias pinceladas, em um imensurável e inestimável livro virtual de auto-ajuda.
Sugiro que façamos pequenos treinamentos para exercitar a nossa humanidade. Garanto que não serão necessários grandes equipamentos ou esforços físicos. Vamos começar ajudando pessoas com dificuldades de locomoção e deficientes visuais a encontrarem e seguirem seus caminhos. Aos motoristas, recomendo respeitarem faixas de segurança e sinalização, repetirem indefinidamente os exercícios da paciência e gentileza, abolirem a pressa e os maus hábitos, pois todos chegaremos aos nossos destinos, de preferência terrenos.
O exercício do compartilhamento de nossas conquistas materiais com os menos afortunados é um excelente exercício de humanidade, pois sempre amealhamos mais do que necessitamos, e o pouco que oportunizemos aos necessitados nos garantem uma satisfação inenarrável.
Nos espaços públicos, exercitar o sorriso e as boas maneiras, argumentos lógicos e racionais sobrepujando-se à força bruta e grosseria, respeito ao espaço e liberdade dos outros, independente de condição social, raça ou credo, pois somos todos feitos da mesma matéria, com armaduras diversas e distintos adereços e complementos, que não conseguiremos levar conosco quando cumprirmos nossa tarefa nesta existência.
Em nossa privacidade, colocar de lado a inveja, a ganância, o ciúme e a indiferença. Cultivar a amizade e a convivência entre os de mesmo sangue parece básico, apesar de compulsório. Não delegar a terceiros contratados a educação e formação de nossos filhos, nem despejar nossos antecedentes em depósitos de idosos, onde serão sumariamente e convenientemente esquecidos. Lembrar sempre o que motivou dois estranhos a constituírem uma família, não buscar a solução fácil da desconstituição da relação por qualquer dificuldade, pulverizando a matriz em outros subgrupos que, dispersos em outros relacionamentos, transformam-se em uma grande colcha de retalhos. As amizades sanguíneas nem sempre são as melhores, pois as afetivas são fruto de escolha pessoal e, portanto, mais verdadeiras.
Concluindo, o novo é o .....velho! Sim, os antigos valores da humanidade estão de volta. Não em um revival saudosista, mas construídos a partir de toda experiência acumulada ao longo da linha do tempo decorrida, respeitando as conquistas e avanços dos seres humanos, agregando as aquisições tecnológicas, comportamentais e das relações, revolucionando a existência em um novo Big Bang, uma explosão atômica que varrerá da Terra os arcaicos e deturpados valores atuais, criando um terreno fértil para a semeadura de uma nova gênese, profícua e rica, material e espiritualmente.

Para ilustrar o texto acima, "Eu tenho um sonho" discurso proferido pelo militante pacifista Mather Luther King em agosto de 1963 para 200000 pessoas em Washington e a letra e música "God", de John Lennon,quando ele declara que "o sonho acabou".  

2 comentários:

  1. yo también tuve un sueño,que terminó en la muerte-desaparición de compañeros,-a pesar de todo sigo soñanado, con la justicia,ddhh a todos,comida,educacion,salud, vivienda para todos!
    un abrazo,gracias
    lidia-la escriba

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  2. obrigado por seguir o @discursos, vim conferir o seu blog e adorei!!!!

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