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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cronica - Natureza morta

Anoitece. No silêncio do meu quarto torna-se impossível determinar em que horas estamos. O tempo parece escorrer entre as golfadas do ar-condicionado que, apesar dos esforços, não consegue aplacar o frio que percorre o meu ser. Não lembro quanto dormi, quando comi, se fui ao banheiro, se estamos em janeiro. A sonolência em que me encontro amortece meus sentidos. Observando melhor, reconheço alguns objetos que não lembro serem meus. Agora constato que onde repouso parece-me uma fria cama de hospital, com seus cromados e comandos, alvejados lençóis, a indefectível televisão, reproduzindo via satélite uma vida que não é minha, não é sua nem de ninguém, passado e futuro, relações improváveis, casamentos e traições, pérfidas pessoas, anjos angelicais, riquezas de um pobre país podre, o poder e o amor, enfim, nada. À esquerda um senhor barbudo pregado na parede pregado na cruz observa tudo com um olhar de quem tudo entende. Sendo assim, explique-me o que faço aqui deitado, sem poder movimentar-me.
CONTINUA NO URBANASVARIEDADES

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