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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Exposição de 1935

Voltamos para 1935 para mostrar as origens do Parque Farroupilha (Redenção) de Porto Alegre, durante a Exposição em comemoração aos 100 anos da Guerra dos Farrapos.

Foi uma grande feira, onde cada estado brasileiro tinha um pavilhão (bem diferente dos que encontramos nas feiras atuais) que mostrava um pouco da sua história e seus produtos. A Exposição, que durou meses com a presença de visitantes, só teve seus prédios, construídos em estuque, desmontados a partir de 1939 quando também foi construído o Estádio Ramiro Souto. 


Permaneceu o pavilhão do Pará, que sediou a Divisão de Parques e Jardins, até ser destruído pelo fogo em 1970, juntamente com todo o arquivo e memória deste serviço municipal. Para as comemorações do centenário da Revolução Farroupilha, toda a parte sul do campo foi drenada, nivelada e urbanizada, seguindo um projeto do urbanista francês Alfred Agache.


Neste ano sua denominação foi alterada para Parque Farroupilha, que se mantém até hoje, e o parque perdeu nova fração com a construção do Instituto de Educação General Flores da Cunha junto à avenida Oswaldo Aranha.
Os preparativos para a comemoração do centenário da Revolução Farroupilha em 1935, iniciados em 1934, inaugura em Porto Alegre, um evento de proporções gigantescas. Marcado pela diversidade, a exposição foi um superespetáculo, com uma grande estrutura e mostras de produtos industriais e agrícolas, obras de arte, livros, jornais e até achados paleontológicos. Antes de montá-la, foram feitas escavações, drenagem, abertura de avenidas e calçamento. Só de aterro, numa área de 25 hectares foram colocados 135 mil metros cúbicos.
Eixo Monumental
As comemorações foram um marco histórico em Porto Alegre. Uma festa inesquecível, marcada pela grandiosidade. A exposição do centenário foi realizada entre os dias 20 de setembro de 1935 e 15 de janeiro de 1936, no local até então conhecido por Várzea ou Campo da Redenção e, a partir de então, chamado de Parque Farroupilha. Conforme Margaret Bakos, visto por outro ângulo, decorre em função do papel dos parques como espaço de lazer, impulsionando um número crescente de áreas verdes entre 1928-1936.
Pórtico
Ao idealizar a exposição, o governo do Estado teve dois objetivos oficiais: marcar os cem anos da Revolução Farroupilha e festejar o ingresso do Estado em uma época de modernização e desenvolvimento.
 
Em 1935, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul promoveu a comemoração do "Centenário Farroupilha" através de uma grandiosa exposição industrial e agrícola realizada sobre a área da então chamada "Várzea da Redenção", em Porto Alegre. Conciliando a arquitetura efêmera de seus pavilhões com alguns elementos permanentes do futuro Parque Farroupilha construídos na mesma oportunidade, a Exposição do Centenário apresentou-se como o principal símbolo da modernidade possível e desejável para o Estado, em um período de profundas transformações para a sociedade brasileira.

Amplamente apoiada em recursos tecnológicos, como a deslumbrante iluminação noturna dos espaços e pavilhões do evento, e conduzida por uma bem informada retórica "déco", a Exposição articulou um notável conjunto arquitetônico e urbanístico que sintetizou uma visão de modernidade comprometida com a tradição neoclássica, provocando um impacto visual sem precedentes sobre seus contemporâneos. 


A avaliação preliminar dos dados da Exposição verificou a existência de um aparente paradoxo entre a sugestão de unidade transmitida pelo conjunto dos elementos da mesma e a manifesta diversidade estilística exibida por uma arquitetura reveladora de diferentes filiações e influências. A análise inicial do material, no entanto, constatou a produção recorrente de uma arquitetura gerada por um restrito conjunto de opções tipológicas assemelhadas, formando uma espécie de "família" basicamente polarizada em torno de um único tipo e suas variações, e expressando uma estabilidade formal tão categórica que inevitavelmente obriga a uma reflexão sobre o tipo de sociedade que a produziu. 


Inserida na fase moderna do ciclo das Grandes Exposições Universais, a Exposição Farroupilha apresentou, no entanto, um perfil conservador, mais identificado com as limitações e contradições de suas congêneres do século anterior do que com o debate dos rumos da arquitetura moderna estabelecido no âmbito das mesmas ao longo do século XX. Além disto, a opção pelo emprego maciço de uma arquitetura modernizante de caráter conservador no contexto de um evento tão representativo quanto a Exposição Farroupilha, pode ser também reveladora da postura então vigente no Estado em relação ao debate da modernidade que, de resto, já atingira os principais centros culturais do país em meados da década anterior. Entretanto, a possível fragilidade de uma visão regional pretensamente limitada do processo de transição então em curso poderia, ao mesmo tempo, indicar os termos de um caminho próprio para o modernismo no Estado, pavimentado pelo conhecimento das correntes originais formadoras do racionalismo arquitetônico próprio do movimento moderno. 


Neste trabalho, constatou-se que, embora efêmera, a arquitetura produzida para a comemoração do Centenário Farroupilha constitui um testemunho consistente das origens de um possível "caminho riograndense para a arquitetura moderna", percorrido através de um conhecimento inspirado e bem informado, tanto das manifestações protoracionalistas do "novecentos", como, por exemplo, o movimento da "Secessão" austríaca, quanto das correntes não ortodoxas da arquitetura moderna, como os movimentos expressionista e futurista das primeiras décadas do século XX


Autor: Davit Eskinazi 

Resumo da Dissertação de 05/12/2003 Orientador: Prof. Dr. Fernando Freitas Fuão. Maiores detalhes clique em www.ufrgs.br/propar/dissertacoes .

Imagens obtidas na internet.
Vista geral do parque
 Pavilhão da Agricultura
 Cassino
Foto interna Cassino
 Foto interna Cassino
 Pavilhão da Cultura (atual Instituto de Educação)
 Tobogã
Prédio da Víspora
Embarcadouro (atual Café do Lago)
Pavilhão Indústria Estrangeira
Pavilhão Industria Riograndense

Pavilhões dos Estados Brasileiros 
Pavilhão Pernambuco
Pavilhão Santa Catarina
Pavilhão do Pará
Pavilhão do Paraná  
Pavilhão do Distrito Federal 
Pavilhão Minas Gerais

Para concluirmos, apresentamos um documento histórico. O cartão de acesso permanente ao cassino de Júlio Gatti,  pai do meu sogro Antonio.

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