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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Oscar, eterno Niemeyer - Entrevistas

Tudo bem, você não gosta das curvas, seu estilo são as linhas retas, arquitetura minimalista, desconstrutivista....
Já sei! O problema é ele ser comunista, não é sua ideologia...
Entendi! Foram as suas frases, com as quais você não concorda, imagine só, que barbaridades...
A longevidade lúcida. Este foi o maior problema....
Não posso acreditar que você nunca gostou dele por ser um dos poucos brasileiros que se projetou no mundo todo pela qualidade de sua obra e não pela beleza de suas curvas ou por uma bola de futebol, que gravou seu nome na "calçada da fama" dos maiores arquitetos de todos os tempos, com milhares de projetos realizados e tendo deixado outros tantos para serem executados, e que nos últimos instantes de sua longeva vida ainda respirava arquitetura.
Agradeço a oportunidade que tive na vida de poder dizer que tenho a mesma profissão do inigualável Oscar Niemeyer, e desejo a todos que o invejaram a mesma sorte.
Esta semana no Urbanascidades vai ser totalmente dedicada ao Mestre. Iniciamos hoje com uma série de entrevistas publicadas na revista AU (arquitetura e Urbanismo) da editora Pini institulada Conversas em três décadas: 1987, 1994, 2004, e que inicia assim:

ENTREVISTA COM OSCAR NIEMEYER

Revista AU, número 15, dezembro de 1987/janeiro de 1988
Voos e Vãos
Por José Wolf
Arquivo Niemeyer
Afinal, como Oscar vê Niemeyer?

Um nome estrangeiro pega mais (risos). Mas gosto, porque sou uma mistura de raças. Ribeiro e Soares, portugueses. Almeida, árabe, e Niemeyer, alemão. Isso é muito bom. Misturar, principalmente no Brasil, que não teve a felicidade de ser bem colonizado...
Le Corbusier falou, certa vez, da "paixão de criar o drama da pedra inerte". Você também é um criador...É, ele falava do concreto armado. A arquitetura evolui em função do progresso técnico e, agora, trabalhamos com ele, o concreto, que adota todos os nossos desejos. Ou permite tudo. Então, a meu ver, é o momento de procurar formas novas, que podem caracterizar nossa época...
Em A forma na arquitetura você cita Paul Valéry, quando diz que "os caminhos da música e da poesia se cruzam". Acrescenta que os da arquitetura e os da escultura também...
Acho que a arquitetura é toda feita de imaginação. Quando ela não representa uma novidade, não chega a seu estágio superior. O Corbusier mesmo disse que a arquitetura é
invenção, e é isso mesmo...
Pampulha representa certamente um momento importante...
Foi importante porque é um dos primeiros trabalhos que fiz. Com ele, contestei a linha racionalista, a arquitetura feita com régua e esquadro. E eu queria - naquela época eu mal saía da Escola - mostrar que arquitetura pode ser diferente, pode ser mais livre, adaptar-se melhor a tudo o que o concreto nos oferece...
O que levou, na verdade, a essa ruptura?A convicção de que a arquitetura tinha de mudar. Que o concreto armado permitia coisas que não estavam sendo feitas, que continuava retilínea, cheia de preconceitos, de dogmas, de racionalismo e formalismos, quando, na verdade, no concreto cabia um campo novo para os arquitetos...

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