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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Portugal-Música contemporenea

Simone de Oliveira  
A música contemporânea na Europa estima-se ter começado em meados dos anos 50. Se levarmos em conta as revelações pop de Madalena Iglesias e Simone de Oliveira a música contemporânea portuguesa terá começado perto da mesma altura. Mas isto no jovial ambiente pop que se revelava na sociedade através dos mais jovens. A música electronica, surgida na Alemanha, foi exportada para Portugal, revelando-se somente um sucesso já nos anos oitenta.
A febre pop aumenta com os sessentas, loucos anos como são denominados, a par da década de vinte, e com as fulminantes boates cujo número aumentava em grande escala no litoral. Há que referir que o país teve um desenvolvimento muito desigual, entre litoral e interior, e norte, mais o centro-norte, e o sul, mais o centro sul. Enquanto Lisboa, no litoral, seguia as modas, mesmo que recatadamente, quando comparada com as restantes capitais europeias, o interior continuava numa eterna ignorância, que ainda hoje se revela presença assídua, embora menor.
A era hippie «ataca» o país com o seu estilo descontraído e citadino, e Portugal adapta-se fortemente a esta nova tendência. Surge a febre Disco e com ela as discotecas. Ainda numa corruptível ditadura, que custou ao país anos de atraso em relação à Europa, revela-se popular a voz de artistas como António Variações e Carlos Paião, entre outros. Ambos obtiveram enormes sucessos. São memoráveis músicas como Playback e Pó de Arroz, deste último, e O corpo é que paga do primeiro. António Variações desfalcou a música contemporânea com a sua morte, em 1984.
Carlos Paião
Porém, dez anos antes, em 1974, com Portugal a conviver com um arejado look disco, surge a 25 de Abril uma célebre e pacífica revolução, bem ao estilo português. O mais interessante é que a Revolução dos Cravos, como viriam a denominá-la, iniciou-se com uma música: "Grândola, Vila Morena". Uma canção de intervenção, derivante da já conhecida poesia de intervenção. A canção de intervenção entrou na moda e fez singrar o seu contexto sofrido, mas esperançoso e sonhador, na história da música contemporânea europeia. O fado é esquecido, tido como uma lembrança salazarista, e retomado só em meados dos anos noventa.
Em oitenta a música eletronica torna-se célebre e é ostentada nas rádios e discotecas lisboetas. O interior rural começa finalmente a dar os primeiros passos na conquista da contemporaneidade. Assim, a música electronica começa a atrair ouvintes mais afastados do litoral. Entra também Portugal numa era excêntrica e, no mínimo, curiosa. Entra-se finalmente na era rock. Do rock subsidiam-se o punk, dark rock, entre outros, e numa fase superior, o metal, o heavy metal, que hoje ainda estão na conquista de novos ouvintes. Nos anos noventa já se ouvem tocar Xutos e Pontapés, Rui Veloso também deixa a sua marca valorosa na música, tornando-se o maior intérprete do rock português. Também se destacam Paulo Gonzo, Jorge Palma, Silence 4, GNR, entre muitos outros.
Rui Veloso
Na música erudita, um pouco escondida até meados de oitenta, destacam-se vários compositores, pianistas e condutores de orquestras talentosos, que a fazem fluir através do panorama musical erudito europeu. Mário Laginha e Maria João Pires são os que mais se destacam ao piano. Carlos Tê torna-se o compositor de eleição de Rui Veloso.
Numa vertente pop, no começo do seu declínio, surge Dulce Pontes, impagável voz de plural abrangência, renova o fado, dá-lhe nova voz, retoma-o. Também explora o folclore e o pop (Lusitana Paixão é o seu maior êxito pop), mas é com o fado que se torna um marco musical (Canção do Mar é o seu maior êxito fadista). Sara Tavares e as suas balada, juntamente com a brilhante voz de Anabela Pires, consagram-se como duas das melhores vozes de Portugal. A diva da morna, Cesária Évora, também deixou pelas terras lusas a sua marcante voz. 
Dulce Pontes
O fado é finalmente retomado por Dulce Pontes. E uma nova vaga de fadistas surge revivalista, entrando na «praça» de rompante, afirmando o fado como a música de excelência de Portugal. A vaga iniciou-se com Mariza, que se tornou a maior diva do fado, desde a morte de Amália Rodrigues, batendo Dulce Pontes francamente. Seguem-se-lhe Gonçalo Salgueiro, Ana Moura, Kátia Guerreiro, Joana Amendoeira, entre outros.
Em 2004 realiza-se o Rock in Rio Lisboa, pela primeira vez, catapultando Portugal para um lugar cimeiro na música mundial. Por esta altura, a geração hip-hop havia tomado o mercado mundial, e Portugal não fugiu à regra, tornando-se num dos quatro países de maior produção de hip-hop, a par dos EUA, da França e da Itália. «Re-tratados», os Da Weasel afirmam-se como a maior banda de hip-hop portuguesa.
Da Weasel
Em 2005, realizam-se em Lisboa os MTV Europe Music Awards Lisboa. O evento europeu trás a Lisboa algum dos maiores rostos da música contemporânea mundial, como Madonna, Robbie Williams, Craig David, entre outros. Os The Gift venceu na categoria de melhor banda portuguesa. OsThe Gift são uma banda que também deixou a sua marca e uma inovação notável ao ter como protagonista do seu primeiro video-clip um travesti lisboeta.
OsThe Gift
Já em 2006, Sam the Kid, torna a sua música comercial um pouco mais portuguesa, e deixa a sua marca irreverente com uma música que se tornou sinónimo de escândalo ao defender irreverentemente a língua portuguesa.
Sam the Kid
O fado, novamente «contra-ataca», e surge mais internacional. Mariza larga finalmente as influências que tinha de Amália Rodrigues, e grava o seu novo disco, Transparente, no Brasil, fortalecendo as ligações culturais luso-brasileiras, e importando novos e tropicais sons da MPB. Um disco aclamado pela crítica. Também neste ano, a atriz Maria de Medeiros, uma das mais conceituadas de Portugal, grava o seu primeiro disco, explorando o jazz, com pronúncia brasileira. A MPB influencia cada vez mais a música portuguesa. Uma influência positiva, obtendo uma grande aceitação da crítica especializada e do público.
Jacinta
No jazz destaca-se, francamente, Jacinta, considerada uma das melhores vozes femininas do jazz mundial. Maria João, embora menos popular, escolhe o jazz para explorar com a su ternurenta e quente voz.

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