Em 1970, John Lennon anunciava: o sonho acabou! As mortes de grandes
ídolos sinalizavam o excesso, na trilha da interminável viagem. No Brasil a dicotomia
entre o “debunde” e a luta contra a repressão. Não havia palco para as bandas,
nem gravadoras, nem como investir em bons instrumentos, sonorização e
iluminação. A banda mias importante da década, o “Bixo da Seda”, gravaria
somente em 1976. Em 1972, o primeiro festival de rock no Julinho (Colégio Júlio
de Castilhos. No mesmo ano o Musipuc, no campus da Pontifícia Universidade
Católica, desdobramento dos festivais da Arquitetura da UFRGS. Mais voltado
para a MPB, sua 4ª edição em 1975, revelaria uma nova geração de músicos e
compositores: Almôndegas, Inconsciente Coletivo, Gilberto Travi, Zezinho Athanazio
e Léo Ferlauto.
O Teatro São Pedro abrigava shows de bandas como Liverpool e Saudade
Instantanea, o primeiro Musicpuc, e a mostra de música do cursinho IPV. O Clube
de Cultura (Ramiro Barcelos) O teatro de Arena (onde Carlinhos Hartlieb
promovia as suas míticas “Rodas de Som”), o Auditório Araújo Vianna para apresentações
coletivas e festivais e, para quem tinha melhores condições, como o Bixo da
Seda, o Teatro Leopoldina. Os auditórios de colégios como o do Julinho e o do
Rosário abrigavam shows e promoviam festivais de rock. Centros acadêmicos de
Universidades como o da Engenharia, da Arquitetura, ambos da Ufrgs realizavam
eventos musicais. Clubes como o Grêmio Náutico União, e o ginásio da Brigada Militar
cediam seus espaços para eventos deste tipo.
Nas festas, ouvia-se em discos ou “covers” de bandas que fizeram a travessia da década tocando em bailes – sons de Santana, Joe Cocker, The Who, CSN&Y , Bob Dylan e outros.
A rádio Continental AM introduziu uma linguagem arejada, abrindo espaço
para que os grupos locais mostrassem seus trabalhos. Os auditórios da Assembleia
Legislativa, da Faculdade de Arquitetura, o Teatro Leopoldina, o Teatro de Camara
e o Clube de Cultura abrigavam shows variados, coletivos e individuais. A
grande imprensa (Correio do Povo, Folha da Tarde e Zero Hora) começava a abrir
espaços em reportagens especiais. A partir desse novo cenário, firmaram-se em
Porto Alegre grupos como: Byzarro, Utopia, Mantra, Cálculo Quatro, Halai Halai,
A Barra do Porto, Bobo da Corte, Metamorfose, Flor de Cactus, Em Palpos de
Aranha, Alma de Borracha, Khaos, Zacarias, Caixa de Espelhos, Auge Perplexo,
Funeral, Alma de Borracha, Prisma, Brick, Trilha do Sol, Grupo Latino, Trector
II, a Banda do Tarta, Alma e sangue, Sexto Sentido, Demian, Kariman (de Santa Maria),
Farinha de Bruxo (de Rio Grande), Flor de Cactus (de São Leopoldo), Labaredas
(de Pelotas), e vários compositores.
Todo este movimento culminou nos concertos “Vivendo a vida de Lee” do
apresentador da Rádio Continental Júlio First o “Mister Lee”, em ambientes
fechados como o Teatro Presidente, onde aconteceu o primeiro , em 1975, com 43
músicos em várias formações e teatro lotado. Depois do sucesso, novos shows no
Presidente, no Teatro Leopoldina e no auditório Araújo Vianna, sempre lotados,
os maiores eventos de música pop dos
anos 75 e 76.
Nesta
esteira surgiram muitas outras bandas e influencias, como o blues das bandas
Trovão e Rola Blues. A crítica nacional elegeu o Bixo da Seda, herdeiro da
banda Liverpool, a maior banda de rock do país em 76.
Apesar de todo o sucesso, a indústria do rock ainda não conseguiria se consolidar no sul. Laranja Mecânica, Lobos da Rua, Kachimbus e Swing deixaram algumas lembranças na segunda metade da década de 70. Os espaços foram sendo ocupados pela turma que fazia a ponte entre a MPB, o regionalismo e o rock. Carlinhos Hartlieb, Bebeto Alves e Cláudio Vera Cruz eram alguns de seus representantes.
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