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domingo, 9 de janeiro de 2011

The Last Waltz e o cine Bristol

Eu estive lá, fiz parte da história. Não no Winterland Ballroom em São Francisco, Califórnia, no Dia de Ação de Graças de 1976, mas no pequeno, desconforável, mal-cheiroso, escuro, apertado mas adorável e inesquecível Cine Bristol, no final da década de 70 para testemunhar a estréia, no final de noite, do "The Last Waltz", dirigido por Martin Scorsese e compartilhar com algumas centenas de jovens, a magia de estar à poucos metros de ídolos como Bob Dylan, Eric Clapton, Neil Young, Ringo Starr, Joni Mitchell , Muddy Waters, Van Morrison e muitos outros amigos do The Band no concerto de despedida da banda que acompanhou Bob Dylan. E nos dias seguintes vasculhar as lojas da galeria Chaves à procura do Lp triplo em vinil do show. Mas como a memória costuma falhar, vou pedir a ajuda de alguns contemporaneos que também curtiram o cinema Mini Baltimore, inaugurado em 1970 no piso superior - sobre a sala de espera - frontal à Av. Osvaldo Aranha. Essa sala passou a se chamar Cine Bristol em 01 / Mai / 1975. Posteriormente, outras salas de cinema foram sendo criadas, chegando a ter 4 salas no mesmo endereço. Em 2000, a última sala de cinema deixou de operar no local. No inicio de 2003, o prédio foi demolido, deixando-se intacta apenas a fachada, que foi recentementemente desmanchada.

"Em Porto Alegre havia um cinema, o Bristol, programado pelo meu amigo e futuro colega de trabalho, Romeu Grimaldi, que fazia sessões dos filmes na véspera da queima da cópia, sempre nas sextas-feiras, dez da noite. Era a última chance de assistir o filme, que seria queimado no sábado, pela manhã. Vi muitos filmes nestas sessões, lembro imediatamente de “Sétimo Selo”, “Providence”, “Barbarela” e “Woodstock”. Jorge Furtado  

"Mas a verdade é que nada se compara ao Bristol na minha memória afetiva. Uma sala pequena, quase sem decoração. Uma sala-de-espera pouco confortável. Dois banheiros sempre quebrados. Uma escada em dois lances. Uma senhora mal-humorada na bilheteria. Aliás, a sala, a escada, os banheiros e a senhora mal-humorada continuam lá, mas em vez de um nome, uma identidade, uma humanidade, o cinema tem um número. E números, meus amigos, são números. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez. É o futuro: dez salas de shopping, idênticas, em que o cheiro de perfume da classe-média garante a todos um feliz consumo de imagens e sons. A verdade sobre a nostalgia é que faz a gente falar bem do cheiro que vinha dos banheiros do Bristol. Assisti a muitos filmes no Bristol. O Bristol tinha um programador chamado Romeu Grimaldi, homem de baixa estatura física, altíssima estatura cinematográfica e diálogos de filme brasileiro visto em cinema de Porto Alegre: acho que entendi, mas não tenho certeza. Pois o Grimaldi inventou esse negócio de "ciclo". Eu via três ou quatro filmes de determinado diretor, ou de determinado estilo, ou de determinado país, em uma semana. O Grimaldi é um grande engenheiro. Ele construiu, naquela sala sem atrativos, uma ponte entre um adolescente ignorante (eu) e o melhor cinema do mundo. Talvez o filme mais significativo dessa ponte seja "O sétimo selo", porque vi duas vezes pra entender, continuei sem entender e mesmo sem entender gostei muito. Tem filme que é pra entender na hora. Tem filme que é pra entender depois. E tem filme que é pra nunca esquecer. A nostalgia é um enigma. Mas não pensem que o Bristol era um cinema "cabeça". Não acusem o Bristol de ser intelectual. O Grimaldi fazia uns ciclos estranhíssimos, em que a afinidade entre os filmes era tão escorregadia quanto a sua fala"". Carlos Gerbase

"Ahhhh, Porto Alegre, quantas saudades tenho de seus cinemas de bairro! A quase totalidade já fechou. Mas havia um especial, uma pequenina sala de exibição anexa ao Cine Baltimore: o Bristol O acesso era estreito, a sala de exibição incrivelmente escura, mas havia um charme. Sentia-me um cliente VIP em um local muito especial. De meados dos anos setenta até os oitenta este pequeno cinema possuía uma programação distinta. Não apresentava os lançamentos de circuito nacional. A sua especialidade eram os ciclos. A cada semana um determinado tema era escolhido e a cada dia um filme era exibido dentro do contexto. Por exemplo: ciclo de diretores, atores, gêneros.Conclusão: o Bristol não era um cinema para público comum, era para aficionados. Mais, havia um respeito por este seleto grupo de fiéis admiradores da sétima arte, pois quando saí da segunda sessão fui um dos poucos a fazê-lo; a maioria novamente ficou! De sua parte, os freqüentadores respondiam com silêncio, sem badernas e baixarias. Senti-me um cinéfilo, mais um que ingressou no seleto grupo e tudo isto devo a uma pequena sala de exibição que agora existe somente em minhas lembranças". Quatermass
"The Last Waltz" é a trilha-sonora do filme The Last Waltz, que documenta o concerto de "despedida" do grupo de rock The Band, realizado no Winterland Ballroom em São Francisco, Califórnia, no Dia de Ação de Graças de 1976.
O álbum traz diversos convidados especiais com quem o The Band tocou ou foi influenciado durante sua carreira. Os primeiros cinco lados do LP triplo traziam uma seleção do concerto, enquanto o sexto lado apresentava o tema "The Last Waltz Suite", cinco canções inéditas e uma nova versão de "The Weight". O álbum foi relançado em uma caixa de quatro CDs em 2002, apresentando mais algumas canções do concerto.
Assim como aconteceu com a música do filme, partes do álbum sofreram overdubs durante a pós-produção devido a erros cometidos durante o concerto.
The Band era formado por Rick Danko (baixo, fiddle, vocais), Levon Helm (bateria, bandolim, vocais),Garth Hudson (órgão, acordeão, sintetizador, instrumentos de sopro) Richard Manuel (piano, órgão, clavinete, bateria, teclado, dobro, vocais)Robbie Robertson (guitarra, piano, vocais). Seção de metais com Rich Cooper (trompete, fliscorne),James Gordon (flauta, saxofone tenor, clarinete),Jerry Hey (trompete, fliscorne), Howard Johnson (tuba, saxofone barítono, fliscorne, clarinete), Charlie Keagle (clarinete, flauta, saxofone alto, tenor e soprano), Tom Malone (trombone, eufônio, flauta, trombone), Larry Packer (violino elétrico).
E os convidados Paul Butterfield (harmônica e vocais), Bobby Charles (vocais),Eric Clapton (guitarra e vocais), Neil Diamond (guitarra e vocais), Dr. John (piano, guitarra, congas e vocais), Bob Dylan (violão e vocais), Emmylou Harris (violão e vocais), Ronnie Hawkins (vocais), Alison Hormel (vocais de apoio),Bob Margolin (guitarra), Joni Mitchell (violão e vocais), Van Morrison (vocais), Pinetop Perkins (piano), Dennis St. John (bateria), John Simon (piano), Cleotha Staples (vocais), Mavis Staples (vocais), Roebuck "Pops" Staples – (guitarra e vocais), Yvonne Staples (vocais), Ringo Starr (bateria), Muddy Waters (vocais), Ronnie Wood (guitarra),  Neil Young (violão, harmônica e vocais).
Abaixo, vídeo em ingles do trailer do lançamento do filme e de Neil Young tocando "Helpless", The Band com "It Makes No Difference" e The Band e Bob Dylan em "Forever Young" e Eric Clapton & Robbie Robertson.




2 comentários:

  1. Prezado Paulo,
    fantástico esse post sobre o Bristol e o The Last Waltz. Infelizmente sou de uma geração que só pegou o apagar das luzes do Baltimore e dos cinemas de bairro, mas
    fizemos lá nos ciclos de cinema alternativo ali no DAFA no início dos anos 2000. Com um mundo cada vez mais veloz, onde a tecnologia evolui quase que de forma instantânea, a tendência "já é" sermos nostálgicos o tempo todo, pois como disse uma vez um professor da cadeira de História da Comunicação que tive na FAMECOS, "estamos perdendo a capacidade de celebrar", se referindo a esta nossa sociedade pós-pós-pós moderna. Abraços
    PS: ACHO que o Cine ABC e suas sessões da meia-noite merece um post como este do Bristol. Fez história a estréia do filme THE DOORs no início dos anos 90 ali no ABC.

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